DOENÇA CELÍACA
O que é ?
A Doença Celíaca (DC) é uma enfermidade do
Intestino Delgado, hoje considerada comum. É disparada e mantida pelo
Glúten, uma proteína presente no trigo, centeio e cevada, e ocorre em
indivíduos geneticamente predispostos.
No intestino existem as vilosidades, que são
dobras microscópicas da mucosa e que servem para promover uma maior
superfície de absorção dos alimentos. São também a sede de células com
funções especializadas na digestão.
O contato do glúten com a mucosa determina
inflamação e um encurtamento/ achatamento das dobras intestinais, com
conseqüente diminuição da digestão e da absorção, podendo produzir
sintomas e resultando no quadro clínico. Os pacientes apresentam vários
graus de inflamação intestinal e atrofia das vilosidades.
Considerando a Europa e os EUA, a doença pelo
glúten pode ocorrer em uma de cada 100 a 200 pessoas. No Brasil,
acreditamos haver uma prevalência semelhante a das regiões referidas.
Parentes de primeiro grau podem apresentar a
mesma DC, ainda que com sintomas pouco chamativos. Vale identificá-los
para prevenirem as fases de mais sintomas ou mesmo as complicações no
longo prazo.
A diarréia ocorre em proporção significativa de
pacientes, mostrando-se crônica, ou seja, durando mais de três ou
quatro semanas. Aceita-se que a doença pode permanecer com sintomas
mínimos e ocasionais durante longos períodos da vida. Bem antes destas
manifestações clínicas mais visíveis, as pessoas com intolerância ao
glúten podem se queixar de várias dificuldades inespecíficas, por
exemplo, desconforto abdominal, flatulência, aftas bucais e,
paradoxalmente, constipação.
Como se desenvolve ?
As evidências clínicas e os índices
laboratoriais variam de manifestação alguma (DC Silenciosa) até
importante resposta imunológica e de desnutrição calórico-proteica.
Pacientes com poucos sintomas (DC
Oligossintomática) podem apresentar anemia e osteoporose, por exemplo,
comprometendo o bem-estar e a qualidade de vida.
A DC Atípica é caracterizada por sintomas
extra-intestinais como artrite, infertilidade, alterações hepáticas,
neurológicas e psiquiátricas de variados graus.
A doença pode aparecer ou se manifestar em
qualquer idade. Na criança, pode aparecer logo após iniciar o uso de
cereais com glúten em sua alimentação, levando até a deficiências no seu
desenvolvimento.
A diarréia ocorre em proporção significativa de
pacientes, mostrando-se crônica, ou seja, durando mais de três ou
quatro semanas. Aceita-se que a doença pode permanecer com sintomas
mínimos e ocasionais durante longos períodos da vida. Bem antes destas
manifestações clínicas mais visíveis, as pessoas com intolerância ao
glúten podem se queixar de várias dificuldades inespecíficas, por
exemplo, desconforto abdominal, flatulência, aftas bucais e,
paradoxalmente, constipação.
O que se sente ?
Diarréia é a evidência mais chamativa, ainda que não necessariamente a primeira.
São queixas ou constatações:
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fezes fétidas, claras, volumosas, sobrenadantes, com ou sem gotas de gordura; |
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distensão abdominal por gases, cólicas, náuseas e vômitos; |
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dificuldade de adquirir peso e facilidade para perdê-lo; |
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baixa estatura; |
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fraqueza geral; |
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modificação do humor, dificuldade para um sono reparador; |
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alterações na pele; |
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fraqueza das unhas, queda de pêlos; |
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anemia por deficiente absorção do ferro e da Vitamina B 12; |
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alterações do ciclo menstrual; |
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diminuição da fertilidade; |
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inchaço dos membros inferiores; |
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osteoporose. |
É interessante a observação de que sintomas da
infância podem desaparecer na adolescência, para reaparecer na
maturidade ou mesmo na velhice.
Como o médico faz o diagnóstico ?
Quando a história clínica é rica, a hipótese de
Doença Celíaca surge naturalmente. Em certos ambientes, é válido testar
o diagnóstico usando uma dieta isenta de glúten, por 2 a 3 meses: se o
paciente melhorar com a suspensão e piorar com a re-introdução do glúten
na alimentação, pode-se considerar uma confirmação diagnóstica.
Uma escalada de exames de sangue, fezes e de
imagem, incluindo biópsia endoscópica duodenal por endoscopia, poderá
ser necessária rumo ao diagnóstico: a observação de achatamento das
vilosidades e o aumento da presença de Linfócitos Intra-Epiteliais na
mucosa propõe fortemente o diagnóstico de Doença Celíaca.
A franca positividade dos Anticorpos Anti-Transglutaminase Tecidual (Anti - tTG) no sangue, tem importante valor diagnóstico.
A predisposição genética pode ser testada pela
verificação dos alelos DQ2 e DQ8 em exame de sangue. Sua presença não
faz o diagnóstico de DC, enquanto que a sua ausência, praticamente,
exclui a possibilidade do paciente ter Doença Celíaca.
O diagnóstico diferencial deve ser feito com
Doença de Crohn, Super-crescimento Bactérico Intestinal, Gastroenterite
Eosinofílica, Espru Tropical, Linfoma do Intestino Delgado, Intolerância
à Lactose e Síndrome de Zollinger-Ellison.
Há a possibilidade de encontrarmos uma
associação com: Dermatite Herpetiforme, Diabete Tipo I, Retocolite
Ulcerativa, Tireoidite Auto-Imune, Colangite Esclerosante, Síndrome de
Sjöegren, Cirrose Biliar Primária, Alopecia Auto-imune.
A Doença Celíaca tem sido estudada com outras
alterações não explicadas nas áreas neurológica e psiquiátrica, como
Ataxia Cerebelar, Neuropatia Periférica e, mesmo, Esquizofrenia e
Autismo.
É possível que o Linfoma Intestinal de Células T
tenha maior chance de desenvolver-se nos portadores de DC que não fazem
a dieta, intencionalmente, ou por não se saberem com a enfermidade.
Também ocorre naqueles 5 a 10% de doentes celíacos que passam a não
responder à dieta isenta de glúten (refratários).
Como se trata?
Pela definitiva abstinência de alimentos que
contém Glúten e pela reposição de tudo que possa resultar da deficiência
da absorção intestinal. A ajuda de Nutricionista está indicada.
É preciso evitar a ingestão de qualquer
quantidade, ainda que mínima, de alimentos contendo glúten (trigo,
cevada, centeio). Como é um processo semelhante a uma alergia, qualquer
mínima quantidade pode ser suficiente para manter a doença ativa.
Todo rigor é necessário na preparação dos
alimentos, a fim de evitar contaminações involuntárias com o glúten. Por
exemplo, em um churrasco onde será servido pão, a mesma travessa não
deve ser usada para servir a carne a um portador de doença celíaca.
Da mesma forma, ainda que batatas (fritas) não
contenham glúten, elas não devem ser preparadas no mesmo óleo onde
pastéis ou outros alimentos com glúten o foram. Quem prepara, deve estar
ciente da importância dos cuidados com o trato dos alimentos sem
glúten.
O portador não deve consumir o alimento no qual não tenha confiança de que tenha sido adequadamente preparado sem glúten.
Ainda que, inicialmente, a dieta exija muito
dos pacientes, com o passar do tempo, portador e família, adaptam-se
bem, passam a conhecer fornecedores e restaurantes de alimentos sem
glúten, aprendem ótimas receitas e a substituição do glúten por opções.
Após um período de adaptação os pacientes passam a ter ótima qualidade
de vida.
Terapias novas estão sendo investigadas através
de várias linhas de pesquisa, incluindo a imunológica e a genética.
Também estão em estudo modificações nos cereais com glúten. Por ora, não
estão demonstradas e não são aplicáveis.
Como se previne?
Exceto por não comer alimento que contenha glúten, não se conhece prevenção.
Perguntas que você pode fazer ao seu médico
Posso ter vida normal se tiver os cuidados com a alimentação?
Como posso saber se posso ou não comer determinado alimento?
Tenho risco de outras doenças por causa dessa?
Existem exames de sangue que ajudem no diagnóstico?
Para que serve a endoscopia nesse caso?
Outras pessoas da família têm também risco de ter essa doença?
Essa doença tem cura?
Fonte: http://www.abcdasaude.com.br/gastroenterologia/doenca-celiaca